"Um ano atrás (24/06/2016) publiquei uma matéria sobre o nosso Festival de Inverno que, se observarem, permanece com expressiva atualidade, sobretudo os dois últimos parágrafos que destaco. Segue abaixo:
Ivan Rodrigues |
AINDA A FALSA BATALHA DO FESTIVAL DE INVERNO
A verdade tarda mas chega e, por vezes, de forma inapelável. Uma simples e importante participação de cidadãos garanhuenses – realmente preocupados e dispostos a formarem uma corrente do bem VISANDO A GRANDEZA DE NOSSA TERRA, foi suficiente para restabelecer a real situação que cercava a organização do nosso 26º Festival de Inverno.
Evidenciado que nenhum representante do Governo do Estado falara em reduzir a importância do festival, foi realçada a disposição de lideranças empresariais de apoiar e, com determinação, contribuir para unir-se ao Poder Público, no sentido de garantir a qualidade de um evento que está consagrado há um quarto de século como um dos grandes eventos turísticos de toda a América Latina.
Não é novidade, para quem quer que seja, as dificuldades financeiras que todos os governos – do Federal aos Municipais – atravessam atualmente. Todos devem ter lido que nove Estados da Federação estão com pagamento de pessoal atrasado, sendo que alguns deles sequer pagaram o 13º salário de 2015! Pernambuco, de forma previdente, é um dos poucos que mantém o seu equilíbrio financeiro. De forma inteligente, as dificuldades foram contornadas garantindo a qualidade do nosso Festival do Inverno e, além disso, com grande melhoria em certos setores. Vale a pena aguardar a programação...
Deve ser realçada a multiplicidade cultural, verdadeira condicionante da diferenciação com os demais festivais que proliferam por aí, em tristes e pálidas imitações. A cidade não para... O nosso é inigualável, com sua efervescência cultural, com suas oficinas de artes, as manifestações populares espontâneas... vinte e quatro horas por dia durante dez dias ininterruptos...Não é apenas a figuração de cachês altos com artistas midiáticos que nem sempre correspondem à verdadeira paixão do povo e com um efeito colateral terrível representado pela eterna desconfiança sobre a autenticidade dos valores pagos... São nossos reisados, pastoris, bumba-meu-boi, cocos de roda com o povo dançando logo de manhã na avenida principal da cidade... São os contadores de história empolgando as crianças atentas, o acesso fácil à leitura, os lançamentos literários, os debates inteligentes... São a riqueza da beleza da obra dos nossos artesãos... São a oportunidade do surgimento constante de novos valores artísticos de todas as diversidades...São a variedade musical apresentada, desde a música erudita, MPB, gospel e o forró!
O Festival de Inverno de Garanhuns, bem como todos os outros festivais de nossa terra, não têm dono, não têm carimbo, nem patente ou escritura de propriedade. É do seu povo, meu caro amigo e Prefeito Izaías e, ainda bem, você entendeu a tempo. Viu como foi fácil... Ao invés de ficar numa atitude recalcitrante de coação ao Ministério Público e querer responsabilizar a bancada de oposição por querer cumprir o seu dever – MARAVILHA Izaías! – entendeu-se com a Secretaria de Cultura e a Fundarpe e acertaram os ponteiros do Estado e do Município.
Como disse nosso companheiro Alexandre Marinho, em recente postagem, estamos em tempo de vacas magras e o mais importante são as prioridades no serviço público e os objetivos eleitorais são dispensáveis. A Nação vive momentos difíceis e, como dizia D. Helder: “O POVO SABE E ENTENDE”. Mais importante que um show de “Safadão”, a preços estratosféricos, é a merenda nas escolas, o remedinho nos postos de saúde, o emprego que está faltando à juventude e que só se obtém com desenvolvimento e desenvolvimento só se obtém com o estímulo à atividade econômica. O Povo quer também o lazer e a diversão, sabe a sua medida e o seu julgamento é importante, pois conhece como ninguém as suas próprias necessidades. Ninguém ilude o povo, todo tempo e em qualquer circunstância.
Essa ladainha que cercou de forma lamentável a organização do Festival de Inverno, que é um tremendo investimento na medida, em que proporciona geração de emprego e renda, circulação econômica desde aos hoteleiros (ah! meus queridos e omissos amigos hoteleiros – maiores beneficiários dessa circulação – que parecem viver no mundo da lua!) ao vendedor de pipoca, nos arrasta à uma inevitável constatação e obriga-nos a reabrir a questão do ridículo cancelamento do Garanhuns Jazz Festival. O Poder Público Municipal ainda nos deve uma explicação convincente. Se era rentábil sob o ponto de econômico e cultural, e a cidade de Gravatá o acolheu sem dispender um centavo e apenas com o apoio da estrutura existente, por qual razão Garanhuns resolveu dispensá-lo? Qual foi o esquisito interesse contrariado? Como justificar o deserto em que se transformou Garanhuns durante os dias de Carnaval, com restaurantes fechados conforme fotos divulgadas nas redes sociais? E os Hotéis com índices ridículos de ocupação? Todos ganhariam ou não com a realização do Festival de Jazz, inclusive a Prefeitura e o povo de Garanhuns independente de suas preferências musicais?
“Há anos que advirto que ao invés de querelas secundárias e pobres de conteúdo, não buscamos uma conjugação de esforços, a partir da convocação de todas lideranças para o aprimoramento dos nossos eventos culturais, inclusive sobre o grandioso festival de inverno que precisa de reformulação, novas ideias e formatação. porque não se pensa de forma séria e consistente na formulação de novos e enriquecedores eventos para nossa cidade e nossa região? ou, ao contrário, vamos continuar cancelando alguns eventos já consolidados que causaram prejuízos irreparáveis? não se responsabiliza ninguém?
Porque não se pensa há mais tempo da necessidade de uma praça de eventos permanente e com estrutura definitiva que comporte o fluxo de público sempre crescente? de uma nova distribuição das atrações e criação de novos empreendimentos? porque não colocamos nossa imaginação criadora na busca de novas atividades e enriquecimento deste magnífico festival? porque não convocamos todas as forças vivas do município para reformular e construir um planejamento através da atualização do nosso plano diretor - obsoleto e incompatível com o desenvolvimento desejado? o que nos obriga a tolerar a monotonia de sempre o mesmo, sem inovar, sem estimular ideias e sem desenvolver vocações? vamos continuar conduzindo nossa terra perdendo posição e assistir outras cidades ultrapassando a nossa passividade, como na comparação que escrevi sobre o complexo de bruguelos, à eterna e cansativa espera da ave-mãe que venha nos alimentar? e até quando ficaremos nessa pasmaceira infinita? aguardando migalhas e sobras de banquetes, sem assegurarmos aos nossos descendentes o lugar que merecemos?”
O povo e, sobretudo, os comunicadores com a palavra!
Ivan Rodrigues"