quinta-feira, 26 de março de 2020

O GLOBO / Governadores ignoram e isolam Bolsonaro depois de pronunciamento

Bolsonaro discute com Dória, e governadores reagem às críticas do presidente. Instituições de saúde e municípios continuam seguindo as determinações dos governadores




O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro desencadeou uma crise pública entre o Palácio do Planalto e os governadores do país. Pela manhã, Bolsonaro acusou os chefes do Executivo nos estados de fazer “demagogia barata” com a adoção de medidas restritivas contra a pandemia de coronavírus. Em seguida, trocou acusações com o governador de São Paulo , João Doria, em videoconferência que incluiu Wilson Witzel (Rio de Janeiro), Romeu Zema (Minas Gerais) e Renato Casagrande (Espírito Santo). À tarde, governadores debateram a crise política. Líderes dos nove estados do Nordeste anunciaram que vão manter as medidas e cobraram a liderança de Bolsonaro.

O que foi dito: Bolsonaro defendeu a adoção de “isolamento vertical”, em que apenas os idosos ficam confinados, projetou caos econômico e disse que há riscos de o país pode “sair da normalidade democrática”. Nos bastidores. a equipe econômica trabalha com projeções de encerramento gradual da quarentena a partir de 7 de abril.

Reação: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, declarou rompimento com Bolsonaro. Witzel disse que o teor do pronunciamento “não encontra eco na sociedade”. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sugeriu que Bolsonaro mudou de postura por pressão de investidores da Bolsa de Valores. No Congresso, parlamentares reagiram com críticas ao presidente. Em contrapartida, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, anunciou que vai reabrir lojas de material de construção e de conveniência em postos de gasolina.

Em paralelo: o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) alinhou o tom com o presidente e chegou a chamar a Covid-19 de “virose”. Na contramão de Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que a posição do governo é a defesa do isolamento social — ele fez sinal de reprovação quando Bolsonaro criticou Doria ( assista ao vídeo).

Repercussão internacional: o pronunciamento de Bolsonaro foi manchete na imprensa estrangeira. Jornais de diversos países apontaram que Bolsonaro se isolou politicamente ao rejeitar medidas de prevenção à pandemia. Questionado sobre as declarações, o comando da Organização Mundial da Saúde reforçou pedido para que as pessoas fiquem em casa.

Memória: há um mês, quando a Itália registrava 17 mortos, o primeiro-ministro Giuseppe Conte, preocupado com a economia, contestou o fechamento de escolas e do comércio. Estabelecimentos comerciais voltaram a abrir. Quando as mortes começaram a subir, o governo decretou quarentena obrigatória. Era tarde: o país se tornou o epicentro da pandemia e já tem 7.500 mortos, o dobro da China. Conte pediu, hoje, que todos os países sejam rigorosos contra a Covid-19.


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