Abastecidos com um volume cada vez maior de documentos que não param de chegar, senadores oposicionistas e independentes da CPI da Covid têm apostado no uso dos dados entregues à comissão para driblar depoentes e até mesmo apontar mentiras.
Ao longo desses quase quatro meses da Comissão Parlamentar de Inquérito, os senadores aprovaram pedidos de informação a órgãos públicos e empresas privadas, além de quebras de sigilo de suspeitos de irregularidades, por exemplo.
Mas foi a partir do recesso parlamentar, no final de julho, que os senadores realmente tiveram tempo de avançar na análise do material e explorar provas e evidências reunidas de forma significativa.
Essa pesquisa mais cuidadosa agora vem rendendo frutos nos depoimentos da CPI. Nos mais recentes, senadores conseguiram pressionar depoentes considerados "rebeldes", rebater argumentos e apontar mentiras com base em documentos —nem todos coletados necessariamente por meio da requisição da CPI, mas por outras vias legais também, como consultas públicas na Justiça.
Erros em contratos
Uma das senadoras que mais têm se destacado na análise de dados é Simone Tebet (MDB-MS), líder da bancada feminina na Casa. Ela foi responsável por apresentar de forma detalhada uma série de inconsistências em documentos entregues ao Ministério da Saúde no caso Covaxin. Maximiano acabou culpando uma outra intermediária no processo, a Envixia, empresa dos Emirados Árabes, pelos erros, sem convencer os senadores.
Diante do advogado da Precisa na CPI, Túlio Silveira, a senadora também desmentiu defesa dele de que não teria participado das negociações para a Covaxin por meio de troca de emails recebidos pela comissão e de que seria mero advogado da Precisa que prestava somente assessoria jurídica. Segundo os senadores, Silveira pressionou o ministério a apressar a assinatura do contrato como funcionário da Precisa.