Garanhuns vive um terremoto político há 6 meses, desde a vinda do ex-prefeito de Lajedo para disputar aqui a prefeitura da cidade. Sem histórico, vida cotidiana, familiares, ou qualquer outro sinal que o identificasse com o município, chegou por cima, como um salvador da pátria, achando-se superior a tudo e a todos, como se aqui não tivesse gente preparada para assumir a missão de administrar o município. Chegou com uma arrogância humilhante, provada depois nos áudios gravados e divulgados. Não respeitou a casa e entrou quebrando a porta.
Ofendeu primeiramente seus colegas de governo, pois não houve a informação prévia de suas intenções, pegou todos de surpresa, e depois foram convocados a participar de seu projeto. Assim, houve a primeira rebeldia, a grande maioria dos políticos e partidos, principalmente os alinhados ao governo Eduardo Campos, uniu-se para declarar a repulsa.
Passado o primeiro momento, o projeto voltou-se ao próprio PSB, que teria que fazer estas alianças, mesmo contra o bom senso. Mas não encontrou ressonância nem entre seus filiados, ainda hoje não se veem defesas do nome de Antônio João dentro do partido em Garanhuns, a não ser os mesmos de seis meses atrás, que aportaram no projeto no primeiro momento. Coube à direção estadual empurrar o caminhão ladeira acima com o motor quebrado. Contra tudo e contra todos.
Dizem que estão filiando gente para poder lhe dar uma vitória interna e assim legitimizar uma possível escolha democrática.
As lideranças filiadas ao longo dos últimos anos se afastaram, e os que ficaram, não aceitaram a condução do processo que apontava a imposição do nome de Antônio João, até com a retirada da comissão provisória que tinha a aprovação da maioria consagradora dos filiados do partido.
Mas mesmo assim, a candidatura segue adiante.
Durante todo este tempo, Ivan Rodrigues, fiel e confiável ao partido, tentava nas poucas vezes em que se fez ouvido, alertar para o grave erro que o PSB cometia em Garanhuns, indo de encontro à sociedade, às pessoas de bem, à moralidade pública, ao bom senso político. Não pela pessoa de Antônio João, a quem sempre fez elogios por sua conduta administrativa e vida política, mas chegou uma hora que não deu mais. A arrogância da imposição venceu o debate e o bom senso. E Ivan se pronunciou.
Nos seus 83 anos de vida, a construção de sua reputação veio da coerência, não poderia perder agora, sob pena de jogar sua trajetória na lata do lixo.
Ivan mostrou os erros, desde os primeiros momentos, mas não quer fazer parte deles.
Pela imensa lista de apoio que recebeu, dentro e fora do partido, com correligionários como Dr. Antônio Coelho e outros que corroboram suas opiniões, Ivan continua socialista, continua no PSB, mas entre ficar entre os autoritários e Garanhuns, preferiu ficar com sua cidade.
Talvez seja a gota d'água para a candidatura de Antônio João, se é que ainda haverá bom senso nas decisões da executiva estadual, pois se ele não consegue nem o apoio de seu próprio partido e das pessoas de bem que dele fazem parte, com históricos de dedicação às Sete Colinas, como poderá atrair simpatizantes ao seu projeto que não seja pela imposição? Como ser prefeito desrespeitando o município e sua sociedade?
Talvez o governador ainda não tenha entendido, ou precise mudar suas fontes que o informam sobre Garanhuns. Nossa cidade quer votar em seu candidato, quer fazer parte da locomotiva que transformou o estado, respeita o grande trabalho que vem sendo feito e vê no neto de Arraes uma liderança política com potencial de galgar cargos mais altos na federação. Mas aqui, na Aldeia, as pessoas gostariam de ser ouvidas, e de fazerem parte do processo. E o povo, mesmo decepcionado com muitas de suas lideranças, ainda acredita que devemos escolher entre nossos pares.
Temos a elegância do frio e a beleza das flores. Somos diferentes, pensantes e educados, um povo que deu 93% dos votos ao governador aprova sua gestão, mas não aceita ser tratado desta forma.
Por isto, um recado direto ao governador, se podemos ousar em lhe dar conselho: O povo quer votar no seu candidato, mas que seja gente da gente.
Antônio João daria uma grande contribuição, se ele próprio entendesse isto.
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