Fato: A pendenga na capital acabou por diminuir a densidade política dos principais nomes do PT em Pernambuco. Vejamos.
O prefeito João da Costa, eleito em primeiro turno não conseguiu nem o apoio do seu próprio partido à sua reeleição. João Paulo que saiu nos braços do povo, e teria até certa facilidade em se eleger foi rifado pelo próprio PT. Inexplicável. O partido tem o homem que todo mundo quer votar nele, no entanto, não colocou seu nome no jogo. João Paulo até tentou, mas acabou enfraquecido, perdeu seu cacife na capítal para o atual prefeito e também a queda de braço para Humberto Costa. João Paulo foi rebaixado de coronel a soldado. Aliás, João Paulo também titubeou ao não sair do PT para disputar por outro partido, teve várias portas escancaradas e poderia hoje estar consolidado na liderança da corrida sucessória.
O PT teve todo tempo a dobradinha perfeita, João Paulo para prefeito e Humberto para governador, mas como um doce, parece que passou do ponto, açucarou.
Mauricio Rands se reelegeu deputado federal, e já na primeira legislatura em Brasília se destacou, sendo um dos homens mais fortes da tropa de choque do governo Lula, a ponto de ter seu nome lembrado para ser ministro. Trocou Brasília pelo governo Eduardo Campos, pois queria aparecer mais no estado, trabalhando seu nome para disputas ao executivo. Com bom trânsito no partido e no governo, foi o nome usado para tentar defenestrar a candidatura de João da Costa, que mesmo em constante turbulência venceu Rands.
Ao levar o trauma para a Executiva Nacional, acabou tendo que desistir para dar espaço à candidatura de Humberto, que deveria ser de consenso, por indicação de Lula, que ouviu Eduardo Campos.
Ou seja, o PT discutiu, discutiu, discutiu e quem decidiu foi o governador, que capitaliza como o mestre político. Mais uma vez!
Perde Fernando Ferro, deputado federal e voz quase isolada no partido na defesa do prefeito João da Costa.
A Executiva\ Estadual do PT também perde, pois não conseguiu em momento algum unir o partido e toda roupa suja virou manchete de jornal.
Mas um dos maiores perdedores pode até ganhar a eleição, Humberto Costa. Senador atuante, ex-líder do partido em Brasília, o ex-ministro da saúde vem a quase uma década buscando o Palácio do Campo das Princesas, e quando está mais próximo do que nunca, é obrigado a dar um passo para trás, assumindo a missão quase impossível de unir o inagrupável PT. Ganhando ou perdendo esta eleição, Humberto e a estrela vermelha praticamente dão adeus ao sonho de governar pernambuco, sendo grande a possibilidade de continuar com a Frente Popular e apoiar o candidato do PSB, que neste momento seria Tadeu Alencar. Se Humberto vence na capital, deve governar. Se perde, será mais uma derrota para somar em sua carreira política, com repercussão negativa para 2014.
Perde também o PT do interior do estado, e todos os seus candidatos em 2012, pois é lógico que Humberto Costa, estrela maior do partido em Pernambuco, já não poderá estar presente em tantos municípios como tem feito, pois estará fazendo sua própria campanha. Exemplo: A pré-candidatura de Rosa Quidute em Garanhuns era sustentada neste princípio pelas declarações de Humberto, que chegou a falar em seu nome até no anúncio da reunião sobre a FAMEG em Brasília.
O PT tinha vários candidatos antes de Humberto, e conseguiu queimar todos os seus cartuchos: João da Costa, João Paulo e Maurício Rands.
E olha que ainda tem a eleição, imagina se Humberto perde. O estrago no PT poderá ser irremediável novamente por mais de uma década.