Silvino disse que saía da disputa para apoiar o segundo colocado. Izaías disse que liderou todas as pesquisas. Então o ex-prefeito quis valorizar o passe na vitória ou de fato tinha pesquisas que mostrava o deputado atrás de Zé da Luz?
Primeiro vamos voltar no tempo. Na mobilização contra Antônio João, em vários momentos Izaías e Silvino sentaram lado a lado, e ambos disseram que saíriam do processo caso fosse para derrotar o estrangeiro. Foi o começo da aproximação. Mudou o personagem do outro lado, saiu o ex-prefeito de Lajedo e entrou o de Caetés, que embora nascido em Garanhuns, fez sua vida política toda na cidade vizinha.
Ali, naquele momento, surgiu a possibilidade que no futuro se concretizou. Unir adversários históricos em favor da cidade, além de outras tantas lideranças políticas, como naquela foto histórica, foi fundamental para a vitória de Izaías.
Silvino tinha a escolha de ir até o final, ou até a decisão da justiça, mas ele se antecipou, e saiu antes do julgamento em Brasilia. Dizem que contou também os recursos que começavam a faltar, pois ninguém investe em quem está atrás nas pesquisas. Mas naquele momento o ex-prefeito de Garanhuns tinha 20% dos votos, um percentual respeitável que lhe garantia 15 mil votos, que poderiam mantê-lo vivo na política, embora não mais com o prestígio de antigamente.
Mas seu objetivo não era mais se eleger, mas impedir que Zé da Luz se elegesse. Por isto a decisão traumática e elogiada pela cidade como um ato de grandeza.
E o que diziam as pesquisas?
Izaías começava a se recuperar de um período de estagnação e de erros de sua equipe, tanto na campanha de rua quanto na comunicação, inclusive o guia de rádio. O deputado tinha pesquisas onde liderava desde o final do ano passado, mas o crescimento de Zé da Luz acendeu a luz amarela, tanto que o próprio senador Armando Monteiro praticamente assumiu a coordenação da campanha de Izaías. A pesquisa mais apertada na mão de Izaías deu 34% para o deputado e 31% para Zé da Luz, como está dentro da margem de erro, foi neste momento que Silvino recebeu sua pesquisa com o engenheiro na frente, e sem titubear mudou o rumo do processo eleitoral na cidade, retirando sua candidatura. Esta pesquisa de Silvino não foi divulgada, portanto, será sempre motivo de dúvida, assim como as pesquisas de Zé da Luz.
Consta que no dia da renúncia, Izaías já dava sinais de recuperação, havia ajustado as velas e começava de novo a abrir, mais ainda lentamente. Com a chegada de Silvino Duarte e praticamente todo o grupo que o acompanhava, com exceção dos candidatos a vereador Zaqueu Lins e Carla Vilaço, e do próprio prefeito Luís Carlos, a eleição se definiu, rápida e tranquilamente.
A classe média de Garanhuns não queria votar em Zé da Luz, muitos até revoltados com a atitude de Silvino, foi percebendo com o passar do tempo a decisão correta do ex-prefeito, e fez o caminho do PSDB para o PTB, sem traumas. Os números acabaram mostrando isto. Aqueles que não perdoaram Silvino e deram a seu voto o valor de um protesto foram para Paulo Camelo, mas ninguém, ou melhor, quase ninguém foi para o ex-prefeito de Caetés, provando ser verdade que Silvino e Izaías disputavam o mesmo eleitorado. Zé da Luz acabou quase que no mesmo percentual de quando Silvino ainda estava no páreo.
É claro que a vitória veio da soma de todos os apoios e votos, de todo mundo que trabalhou na campanha para fazer Izaías Prefeito. Mas naquele momento, a renúncia decidiu a eleição em Garanhuns. E com a frente que foi.
Não se sabe o futuro político de Silvino Duarte, nem se haverá participação no governo. Mas de certo, Izaías (e Armando Monteiro) saberão reconhecer a importância de sua decisão para a vitória petebista.