Maurício Costa Romão
A última pesquisa do Datafolha, publicada em 11 do mês corrente, revelou que a presidente Dilma Rousseff continua liderando as intenções de voto para a próxima eleição. Nos quatro cenários testados, Dilma pontua entre 37% e 42%, abrindo frente para o segundo colocado que varia de 9 a 21 pontos.
Como as intenções de voto variam em função dos cenários que são apresentados para o eleitor, é interessante acessar um indicador que independa desses cenários: a subcategoria de “ótimo e bom”, que compõe a dimensão “avaliação da administração”. Os números dessa subcategoria são geralmente muito próximos das intenções médias de voto do incumbente.
O gráfico que acompanha o texto desfila informações sobre a avaliação da gestão de Dilma Rousseff captadas nas últimas seis pesquisas nacionais publicadas na mídia (Datafolha, Ibope, Vox Populi, MDA, Ibope e Datafolha, nesta seqüência). O desempenho da gestão da presidente é mensurado pela soma dos percentuais de “ótimo e bom” aferida nas respectivas pesquisas.
Os levantamentos foram realizados em agosto, setembro e primeira quinzena de outubro, depois, portanto, dos tumultos reinvidicatórios do meio do ano, e estão colocados em ordem cronológica dos respectivos trabalhos de campo.
Sabe-se que a presidente amargou seus piores índices de popularidade (outra forma de se ler os índices de ótimo e bom referentes à avaliação da administração de um incumbente) nos meses dos protestos, após os quais recuperou cerca de seis ou sete pontos no início de agosto.
Desde então, a governante não consegue avançar além do patamar médio de 37%, conforme atestam os números mostrados no gráfico, onde a maior distância entre um resultado e outro difere de apenas três pontos percentuais.
Em textos anteriores já se mencionou a interessante “regra de bolso” sugerida pelo cientista político Alberto Carlos Almeida. Baseado na evidência empírica de eleições presidenciais pretéritas no Brasil, o estudioso concluiu que em situação de reeleição o incumbente converte um mínimo de 80% da soma de manifestações de ótimo e bom em votos.
Tomando esse indicativo como diretriz, se a eleição fosse hoje, então, a presidente teria um patamar mínimo de votos de cerca de 30%. Mesmo sendo um limite mínimo de votos, para maior conforto das hostes governamentais há que se expandir esse threshold, pois as intenções de voto dos adversários da presidente variam de 36%, no cenário em que Dilma pontua 42%, a 48%, no cenário mais apertado em que a petista alcança apenas 37%.
As fichas que estão sobre a mesa eleitoral hoje apontam para o favoritismo da presidente, mas a reeleição está longe de assegurada, principalmente devido (a) a novidade político-eleitoral da coalizão PSB-Rede, (b) a tendência indicada hoje de eventual segundo turno, situação em que pode haver união de forças adversárias ao governo e (c) a sempre latente insatisfação com “o que está aí”, expressada no meio do ano, que pode eclodir de novo a qualquer momento.
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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Contexto
Estratégias Política e Institucional, e do Instituto de Pesquisa Maurício de
Nassau. mauricio-romao@uol.com.br