"A carne mais barata do mercado é a carne negra
Que vai de graça pro presídio
E para debaixo de plástico
Que vai de graça pro subemprego
E pros hospitais psiquiátricos
A carne mais barata do mercado é a carne negra
Que fez e faz história
Segurando esse país no braço...”
(Seu Jorge e Marcelo Yuca)
A música que abre esta matéria, "A carne”, ilustra bem a luta que, mais de 130 anos após a abolição da escravatura, ainda é travada todos os dias no Brasil pela igualdade étnico-racial. O dia 20 de novembro, data em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra, de Zumbi dos Palmares, de Dandara e de tantos outros negros que fizeram e ainda fazem a história do país, enfatiza a importância dessa luta. É o dia reservado no calendário nacional para homenagear as pessoas que sofreram com a escravidão, levados de suas terras, comercializados como se fossem animais (muitas vezes menos valorizados que animais), torturados, castigados e que fizeram e ainda fazem parte de uma cultura tão rica e diversificada como a do Brasil.
Há muitos anos, os negros conseguiram sua liberdade, ganharam o direito de serem tratados como qualquer outra pessoa. Porém, após serem escravizados durante três quartos da história do Brasil eles herdaram não apenas as condições desiguais de desenvolvimento econômico, mas, sobretudo, a naturalização do sofrimento, da dor e da morte negra.
De acordo com o criador da Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Coppir) de Fortaleza e ativista do movimento, Luiz Bernardo Lamparina, em entrevista a Adital, apesar de ter se passado tanto tempo do fim da escravidão, o preconceito continua incutido na população, resultado de tanto tempo submetidos a esse preconceito. "Ainda hoje é possível escutar quando se procura uma empregada doméstica as pessoas perguntarem, ‘você tem uma neguinha aí para me arranjar?’”
O movimento pela igualdade étnico-racial, no Brasil, está aos poucos galgando seu espaço, com mudanças políticas, como a questão das cotas para universidades e, mais recentemente, para o serviço público. "O espaço universitário era algo longe da realidade dos negros, eles próprios não se sentiam merecedores de estarem ali, pois só havia brancos, e com essa política de cotas raciais é possível um negro entrar na universidade e mudar toda esse estigma”, relata Bernardo.
No entanto, apesar dessa evolução, ainda há muito o que ser feito, já que tudo isso ainda é pouco para uma raça que já ultrapassa mais de 51% da população brasileira. "Somos mais de 51% da população do Brasil, temos que manter o espaço conquistado e partir para outros objetivos, não é possível sermos mais da metade da população e não termos representantes nos governos. Não importa de qual partido, pode ser do PT, PSDB, PC do B etc., o que importa é que eles trabalhem pelos direitos dos negros”.
http://site.adital.com.br/site/index.php?lang=PT |
AGORA COMIGO: Pela sua história libertária, quando abrigou os negros fugados dos quilombos, que aqui encontraram liberdade, campos férteis e água límpida para criar seus filhos, Garanhuns merecia uma melhor elaboração de festividade e debate desta data.
Uma cidade que mistura as raças, com os negros, índios e sangue de bandeirantes, poderia utilizar melhor sua história a bem do social, da memória e da cultura.
Um grande festival de cultura negra teria mais a ver com Garanhuns que Jovem Guarda. Né não?? Imaginem aqui Seu Jorge, Gilberto Gil, Djavan, entre outros.. Debates sobre a história e projetos sociais que causassem uma vida melhor e inserção social aos nossos quilombolas. Um Festival que pudesse atrair olhares e tivesse por objetivo a conscientização.
É por aí.