Nem em 2010, quando obteve mais de 20 milhões de votos, Marina Silva teve um momento tão bom, em que a vitória é uma possibilidade real. E para isto, muita coisa tem conspirado a favor, e sem querer ser cruel, mas a morte de Eduardo Campos proporcionou à candidata ter o espaço, a estrutura e a visibilidade que não teria alcançado, mesmo que tivesse conseguido construir sua Rede. Manteve seu patrimônio eleitoral da última campanha e herdou os votos e o projeto de Eduardo.
Nas pesquisas, Marina já aparece com cerca 30% das intenções de votos. 20% ela já tinha, traz como recall de 2010, mas agregou os 10% do socialista.
Agora vem sua entrevista no Jornal Nacional, e até aí deu sorte. É cruel falar isto, sombrio, mas é verdade. Mesmo sabendo que será triturada pelos malvados William Bonner e Patrícia Poeta. Marina vai ser entrevistada em um bom momento de sua campanha. De crescimento, em que as projeções mostram vitória no segundo turno contra Dilma.
Aparecendo bem nas pesquisas, Marina enfrenta a entrevista com outro cenário eleitoral que as entrevistas anteriores, que portanto, caducaram. Aécio quando falou com os jornalistas era o segundo colocado, estava no segundo turno e Eduardo era o candidato do PSB. Dilma falou sob o apelo emocional do enterro de Eduardo Campos, quando Marina era ainda uma incógnita ante o PSB e as pesquisas. E Dilma ainda dividia as atenções da mídia com as homenagens póstumas ao ex-governador pernambucano.
Marina chega ao Jornal Nacional isolada, vai ser a última a falar, podendo analisar todo o quadro. Certamente terá que responder sobre o avião de Eduardo, sua ligação com a igreja, receios econômicos de uma futura gestão, falta de experiência, explicar mais uma vez a nova política, etc.
Serão quinze minutos que podem consolidar sua participação no segundo turno, mas certamente terá que responder sobre suas contradições, assim como aconteceu com Aécio e Dilma. Seus adversários estarão buscando qualquer deslize na entrevista desta noite. Certamente terão material, pela forma agressiva como a bancada tem se portado com seus convidados.
Outra questão que terá atenção especial é o comportamento de William Bonner, se manterá sua atitude inquisitora, como fez principalmente com a presidente Dilma Rousseff.