O Hospital Universitário Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco (Huoc/UPE) conta agora com a Unidade de Desenvolvimento Infantil (UDI), voltado para avaliar o desenvolvimento de crianças dos 6 meses até 3 anos. O centro recebe crianças que são filhos (as) de mulheres que tiveram o vírus da Zika durante a gravidez e nasceram com ou sem a microcefalia, pois todas precisam ter um acompanhamento no desenvolvimento neuropsicomotor. O Oswaldo Cruz é o segundo serviço em Pernambuco a oferecer esse tipo de atendimento junto com o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC/UFPE).
De acordo com as coordenadoras da unidade, a neurologista do desenvolvimento Dra. Sophie Eickmann e a neurologista pediátrica Dra. Paula Sobral, a equipe multidisciplinar vai realizar um teste de avaliação internacional com os pacientes, chamado “Escala de Desenvolvimento Bayley”. “O teste determina o nível de desempenho da criança, os pontes fortes e fracos. A partir disso, podemos ver quais as necessidades específicas de intervenção e fazermos um encaminhamento precoce para outras especialidades”, destacam.
A Escala de Bayley está subdividida em cinco domínios: cognição, linguagem (comunicação expressiva e receptiva), motor (grosso e fino). “O teste é amplo e complexo e nos permite identificar precocemente sinais de riscos de desenvolvimento já nos bebês. Com isso, podemos atuar na prevenção do atraso neuropsicomotor dos pacientes”, esclarecem as neuropediatras. Elas explicam ainda que a família recebe um kit de estimulação de acordo com a idade da criança. “Faz parte da pesquisa. É fundamental ensinar às famílias a estimular o desenvolvimento dos bebês em casa. Precisamos do envolvimento desses pais”, frisa Dra. Sophie.
Serão atendidas inicialmente famílias cadastradas no Grupo de Pesquisa da Epidemia da Microcefalia (MERG). Trata-se de uma equipe de pesquisadores que está em busca de respostas para os casos de microcefalia registrados no Brasil, situação considerada emergência internacional de saúde pública. De acordo com as neuropediatras, cerca de 450 crianças cadastradas na pesquisa serão acompanhadas na unidade.
A equipe conta também com mais duas fisioterapeutas. O atendimento é pré-agendado pela equipe do UDI. Por se tratar de uma avaliação muito completa, a expectativa é atender 4 pacientes por dia, 20 por semana. A unidade funcionará de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 13h30 às 17h. Mais informações: (81) 9.9730.3579 falar com Juliana Melo.
Sobre o MERG - O Grupo de Pesquisa da Epidemia da Microcefalia (MERG) trabalha com profissionais ligados a diversas instituições: Centro de Pesquisas Aggeu Magalhaes (CPqAM/Fiocruz-PE), Universidade de Pernambuco (UPE), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco (SES/PE), London School of Hygiene and Tropical Medicine (UK), Universidade de Pittsburgh (EUA), Fundação Altino Ventura (FAV) e Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD).
A rede de profissionais inclui especialistas em epidemiologia, doenças infecciosas, investigadores na área da saúde reprodutiva, pediatras, neurologistas e biólogos.
O grupo trabalha em estreita colaboração com os profissionais de saúde que atendem pacientes em ambulatórios de referência e ambientes hospitalares. O MERG também tem trabalhando alinhado com representantes da Secretaria de Saúde de Pernambuco e do Ministério da Saúde do Brasil, além de ter selado parcerias com instituições de todo o mundo.
Os principais objetivos da equipe são o desenvolvimento de pesquisas e a análise de dados epidemiológicos. Atualmente, o MERG está realizando um estudo de caso-controle para estabelecer a associação entre a microcefalia e o vírus da Zika. Também está em curso um estudo de coorte para medir o risco absoluto de desfechos adversos em conceptos de mulheres que apresentam exantema durante a gestação e estimar a incidência de infecção pela Zika entre essas gestantes.
O estudo de coorte das crianças expostas ao vírus da Zika durante a gravidez tem como objetivos caracterizar o quadro clínico e descrever o crescimento e desenvolvimento geral, odontológico e neurocognitivo nos primeiros dois anos de vida de crianças identificadas com e sem microcefalia. E está em andamento um estudo as alterações neurológicas relacionadas ao zika em adultos.