sexta-feira, 4 de outubro de 2019

LITERATURA / Cepe é finalista do Prêmio Jabuti 2019. SAIBA MAIS

Editora pública pernambucana concorre ao principal prêmio literário do País em quatro categorias: Juvenil, Ensaio, Biografia e Impressão



A Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) mais uma vez é finalista do Prêmio Jabuti, a principal premiação literária do Brasil, que chega a 61ª edição. Quatro títulos da Cepe Editora foram selecionados para concorrer em quatro categorias: A Coisa Brutamontes, de Renata Penzani (Juvenil); Povo xambá resiste: 80 anos da repressão aos terreiros em Pernambuco, de Marileide Alves (Biografia); TPN -Teatro Popular do Nordeste: o palco e o mundo de Hermilo Borba Filho, de Luís Reis (Ensaios); e na categoria Impressão, Clementina Duarte: 50 anos de arte e design, rodado na gráfica da Cepe, cujo superintendente de produção gráfica é Júlio Gonçalves.

A notícia foi anunciada pela Câmara Brasileira do Livro. Os títulos vencedores da edição 2019 do prêmio será anunciado dia 28 de novembro. “Em anos anteriores a Cepe já tinha sido selecionada pelo Jabuti, o prêmio mais importante da literatura brasileira. Ainda assim o resultado deste ano nos surpreende e nos estimula a manter o mesmo padrão de trabalho”, declara o presidente da Cepe, o jornalista Ricardo Leitão, que destacou ainda a diversidade das indicações, com livros selecionados em quatro categorias, “dois deles com temática essencialmente pernambucana, como é o caso de TPN... e Povo xambá…, único quilombo urbano do Brasil”, destaca o presidente da Cepe. “A Cepe Editora consolida seu trabalho de dez anos, um trabalho coletivo que vem sendo reconhecido. Ficamos felizes pelos autores e por todos os envolvidos nessa aventura de trazer livros ao mundo. Nunca foram tão necessários”, declara o editor da Cepe, Wellington de Melo. 

Com 178 páginas, e ilustrado com fotos de personagens que construíram a história da Nação Xambá, o livro Povo xambá resiste: 80 anos da repressão aos terreiros em Pernambuco, aborda a criminalização e a repressão policial às religiões de matriz africana, sobretudo durante o Estado Novo (1937 – 1945), um dos períodos mais autoritários vividos no Brasil. Para fazer esse recorte histórico da perseguição vivida pelo povo de santo do terreiro de Santa Bárbara (Quilombo do Portão do Gelo, bairro de São Benedito, em Olinda), a autora resgatou pesquisa que serviu de base para o seu primeiro livro (Nação Xambá: do terreiro aos palcos, 2007), aprofundando a análise a partir de novos relatos e depoimentos colhidos ao longo de quase um mês de imersão na comunidade da qual faz parte há 15 anos.

Já a obra sobre Clementina Duarte traz em 344 páginas uma edição bilíngue com mais de 200 fotografias das preciosas, premiadas e famosas criações da designer, expostas no mundo inteiro, encomendadas e usadas por anônimas, princesas e rainhas. Traz ainda bibliografia, cronologia e textos escritos por especialistas e intelectuais como Gilberto Freyre, a jornalista americana Cynthia Unninayar, editora-chefe da publicação americana International Jeweler Magazine, e dos arquitetos Oscar Niemeyer e Charlotte Perriand – criadora do mobiliário de Le Corbusier. Esses dois últimos incentivaram Clementina a se tornar designer de joias e a se inspirar no Modernismo quando ainda era estudante de Arquitetura, profissão que deixou de lado para se dedicar à joalheria.

O juvenil A Coisa Brutamontes, por sua vez, foi lançada em 2018 após vencer o III Prêmio Cepe Nacional de Literatura 2017. A narrativa traz o menino Cícero, um rinoceronte e a idosa Maria para falar de um sentimento difícil: a morte. O incômodo de ter um animal gigante na sala de estar é uma analogia à dificuldade de lidar com a perda de entes queridos. A morte como temática para dialogar com crianças desconstrói o tabu relativo a temas considerados difíceis de abordar na literatura juvenil.

No ensaio de Luís Reis, o leitor conhece a trajetória do Teatro Popular do Nordeste (TPN), que se mistura com a do próprio Hermilo, um de seus fundadores e líderes, assim como do Movimento de Cultura Popular (MCP), e integrante do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP). Para mostrar tudo isso, a obra de Reis traz, a cada início de capítulo, cartas dirigidas a atores e, ao final, fotografias das peças encenadas no palco, além de croquis de figurinos, distribuídos em 232 páginas. 

Outros prêmios

A Cepe já venceu e foi indicada ao Prêmio Jabuti em outras ocasiões. Em 2015 obteve o terceiro lugar da categoria Gastronomia com o livro À francesa: A belle époque do comer e do beber no Recife, de Frederico de Oliveira Toscano. Em 2018 foi finalista com o livro de crônicas Gordos, magros e guenzos, de José Almino Alencar. Em 2012 foi indicada pelos livros O fotógrafo Cláudio Dubeux, organizado por Bruno Câmara, George Cabral de Souza, José Luiz Mota Menezes, Maria Cristina de Albuquerque e Reinaldo Carneiro Leão (categoria Fotografia); O observatório no Telhado, do professor Oscar Matsuura (Ciências Exatas), e Anjo de rua, de Manoel Constantino Filho (Juvenil). Já em 2013 foi a vez do livro Antônio Callado: Fotobiografia, organizado por Ana Arruda Callado (categoria Biografia).

A Cepe Editora ainda abocanhou os prêmios da Fundação Biblioteca Nacional em 2018, com os livros Os filhos do deserto combatem na solidão, do gaúcho Lourenço Cazarré, ilustrado pela pernambucana Luisa Vasconcelos (vencedor do Prêmio Glória Pondé, de Literatura Juvenil); O voo da eterna brevidade, do pernambucano José Mário Rodrigues (segundo colocado do Prêmio Alphonsus de Guimaraens, de Poesia); e Outro lugar, do paulista Luís Sérgio Krauzs (terceiro lugar do Prêmio Machado de Assis, de Romance), também finalista no Prêmio Rio de Literatura na categoria Prosa de Ficção. Em 2011, a editora já conquistara o Prêmio Alphonsus de Guimaraens com o livro Poemas, de Daniel Lima.

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