Nos meios jornalísticos e políticos de Pernambuco já se convencionou dizer que Eduardo Campos é mestre na arte do xadrez eleitoral. Sabe jogar como ninguém as peças do jogo. No plano nacional, quem tem fama de excelente jogador é o ex-presidente Lula. Nunca jogaram contra, até porque defendiam o mesmo time, mas parece que agora estarão em lados contrários, e as jogadas já começaram, ou melhor, já haviam começado desde a articulação da eleição no Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, depois no Congresso, mas agora ganha ares nacionais, pois os petistas perceberam que o governador pernambucano sabe jogar fora de casa e tem cancha para se dar bem no jogo.
Algumas jogadas têm sido articuladas com bastante estudo. O fato de Dilma vir a Paraíba entregar casas populares, anunciar investimentos e tirar foto no meio do povo, é claramente uma jogada para aproximar a presidente do Nordeste, onde poderia ser surpreendida por Eduardo, aprovado pela população e bem quisto pelos demais governadores, principalmente na própria Paraíba.
Eduardo contra-atacou reunindo-se com a Força Sindical, que emparelha com a CUT petista no trato com o trabalhador. Tem ainda marcado programas político-eleitorais de seu partido nos próximos três meses, onde será a estrela (sem trocadilho) do PSB na televisão. Tem agendado também encontros com classes profissionais, principalmente empresários do sul do país, e tem estado cada vez mais frequente nos grandes meios de comunicação que claramente são contra o governo.
Neste xadrez, porém, do outro lado também tem exímios jogadores. A proposta para Fernando Bezerra Coelho deixar o PSB e ir para o PT deve estar seduzindo o representante do Sertão Pernambucano. E é realmente uma grande jogada. Seria uma perda enorme para o PSB de Eduardo, pois criaria de imediato outra alternativa de poder no estado.
FBC foi preterido em três momentos eleitorais por seu partido, leia-se Eduardo Campos. Queria ser senador, prefeito do Recife ou governador. Não teve o apoio desejado, fica uma impressão que Eduardo não quer entregar ao aliado tanta força em Pernambuco. Virou Ministro, mas sem tanta exposição nem inserção na administração estadual. FBC foi presidente de Suape e Secretário de Desenvolvimento Econômico na primeira gestão de Eduardo.
Outra questão é a oposição governista que Eduardo vem fazendo. Se de fato romper com o governo, a primeira cabeça que voa é do próprio Ministro Fernando Bezerra. Como não tem cargo eletivo poderia mudar de partido, mantinha o cargo de ministro e seria o candidato natural do PT a governador, já que o partido de Dilma saiu em frangalhos da eleição no Recife, perdendo força para uma campanha majoritária ao governo do estado. FBC teria como adversários os próprios companheiros de Frente Popular, que se esfacelaria: Armando Monteiro pelo PTB e o candidato do governador, que deve ser do próprio PSB, e este deve contar com o apoio do grupo que era oposição ao governador na última eleição. Tudo isto se o panorama nacional não alterar o cenário regional. Como por exemplo, Armando ser o candidato de Eduardo ou até mesmo da oposição, encabeçando uma composição com o PT.
FBC não deve ter pressa em decidir, pode ir fazendo como o governador. Nem lá e nem cá.