quarta-feira, 19 de junho de 2013

CONTRA TUDO E CONTRA TODOS: Desafio da manifestação é continuar com o povo

Imagem: Agência Brasil

Olhando bem, esta manifestação é contra tudo! 

Contra o aumento das passagens. Contra os gastos exorbitantes para os estádios da Copa. Contra a volta da inflação. Contra o Marco Feliciano. Contra o Renan e o Sarney. Contra a corrupção. Contra o mensalão. Contra a reeleição de fichas-suja. Contra os partidos de aluguel. Contra a Dilma. Contra o Alckmin. Contra a CBF. Contra o Congresso. Contra o modelo de administração. Contra o preconceito. Contra o Status Quo. Contra a Seleção. Contra a Copa. Contra a FIFA. Contra o capital. Contra a Globo. Contra o Galvão e o Jornal Nacional. Contra a massificação da mídia alienadora. Contra a Veja. Contra os poucos incentivos culturais. Contra o PSDB. Contra o PT. Contra o PSTU. Contra os políticos. Contra a Violência (opss). Contra... Contra... Contra...

Como dizem, essa questão dos R$ 0,20 foi somente a gota d'água.

Fico com o receio de que não se tem o foco do que se está reclamando, para poder saber o que se quer! Em São Paulo se pede #foraAlckmin. No Rio, #foraCabral. No Rio Grande depredaram a sede do PMDB. Em Brasília, o Congresso Nacional. Começou com as passagens e hoje a rebeldia é generalizada. Em cada local o objetivo é diferente. 

É importante saber o que se quer, e o que se deve fazer para conquistar. O primeiro grito foi dado. O alerta está aí para todos verem. O povo está insatisfeito! 

É claro que todos têm o direito de reclamar nas ruas, e devemos apoiar toda manifestação pacífica. É salutar no ambiente democrático. Mas acho que tá faltando o sentido principal, o que se quer de fato que aconteça depois disso. É a destituição de Dilma? É a queda do parlamento? É a diminuição da passagem? É a implosão dos estádios? É a perda da concessão da Globo? É a oferta de melhores serviços, principalmente transporte público, educação e saúde?

Ou é somente o recado para as instituições?

Não. Cada manifestante quer uma coisa diferente.

Nos Cara-pintada estava muito claro que o objetivo era a queda de Collor. Nas Diretas Já, o próprio nome já diz. Contra a ditadura se queria a derrubada do regime militar. 

Agora, não fica claro o objetivo principal! Tem até quem peça o impeachment da presidente.

Manifestantes que querem o Brasil Melhor, com melhores serviços públicos, menos corrupção e impostos, estão misturados a baderneiros, vândalos e bandidos, e outros que estão com intenções de abalar politicamente o país, em busca de alcançar o poder nas eleições que se aproximam. Bandeiras partidárias foram abolidas das manifestações. Que continue assim. A manifestação deve ser clara e espontânea do povo.

Por tudo isto, tenho receio de em vez de conseguirmos avançar e conquistar um melhor país para todos, muitos caiam na armadilha de quem manipula a mídia, transformando o movimento em um processo político eleitoral. 

Bem ou mal, algo foi conquistado ao longo dos últimos anos, que para muitos pode ser pouco, como a interiorização do ensino superior, a retirada de famílias da miséria e a inclusão de milhares nas classes de consumo, entre outros. Não podemos esquecer os grandes investimentos que impulsionaram nosso estado. Investimentos que colocaram o Brasil estre as grandes nações do mundo. Avanços, principalmente para as minorias, que estão tendo uma vida melhor em comparação a um passado recente quando a economia era monopolizada, e os mais necessitados estavam alheios da administração pública, que priorizava o capital em vez das pessoas.

O Brasil precisa avançar no serviço público de qualidade, e este reclame nas ruas mostra a urgência. Mas não podemos esquecer que há uma briga pelo poder, e o desafio é fazer com que a manifestação continue popular, sem se deixar contaminar pela esfera eleitoral. 

Para a maioria das insatisfações, o bom voto nas urnas resolveria um bocado delas. 

RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

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