Um debate sobre o movimento das ruas e a repercussão que ainda pode ter nas eleições deste ano, foi o tema do encontro dos blogueiros e jornalistas políticos na terça-feira do Congresso Pernambucano de Municípios, no Centro de Convenções de Olinda. Magno Martins, Jamildo Melo e Maurício Costa Romão proferiram palestras, coordenada pelo prefeito de Garanhuns, Izaías Régis, que preferiu não se pronunciar, limitando-se a mediar a ordem das palestras e depois de abrir os microfones à plateia, que aliás, precisou de uma sala maior.
Havia também na temática a questão da Gestão Pública, pouco explorada pelos palestrantes, e menos ainda pelo mediador. A voz das ruas se mostrou ainda tão forte que dominou a tarde das palestras.
Iniciando pelo colunista deste blog, Maurício Costa Romão, ex-secretário da Administração de Pernambuco, apresentou uma ampla conjuntura mostrando a voz das ruas no mundo, quando há dois anos em diversos países, a população foi para as ruas: Tunísia, Islândia, Egito, Espanha, Grécia, Portugal, Arábia (Primavera), Venezuela, Chile, Ucrânia, etc. Em comum, as injustiças sociais e pseudodemocracias.
No Brasil, Maurício reafirmou a força das redes sociais, que deixaram o mundo virtual e materializaram a inquietação pelos péssimos serviços públicos, a corrupção instalada sistematicamente, altos impostos e outros temas de forte impacto social. Não foi direcionada a uma instituição política, e respingou em todo o sistema. Acabou por mostrar sentimentos anti-governo e anti-política, principalmente os que estão atualmente no poder. O palestrante ainda vê focos de tensão social, embora não acredite mais em manifestações com a mesma intensidade do ano passado.
Magno Martins continuou analisando os movimentos e trouxe outros momentos do povo nas ruas: O impeachment e Collor e o Diretas Já, embora esta tivesse a força dos partidos de esquerda na época, com seus líderes provocando o movimento. A nova Voz das Ruas não tem líderes, foi a própria população que se motivou pelas redes sociais. Mas tende a esvaziar pela violência dos últimos encontros e a participação dos Black Blocs, que segundo Magno, é patrocinado pelo governo e pelo PT, para tirar o povo das ruas. "O PT é o principal beneficiado pelos Black Blocs".
Jamildo Melo aprovou as primeiras manifestações e acha que não irão se repetir. "Dilma caiu do cavalo. O governo já contava com a reeleição tranquila. Ela não atendia mais ninguém. E aí veio o movimento e o governo precisou repensar a atuação. Decisões foram tomadas devido ao povo nas ruas".
Jamildo observou que as classes D e E não foram para as ruas, e deixou uma indagação se estas classes têm medo de perder a bolsa-família. "O movimento foi da classe média e dos estudantes" - observa. (Nota deste blog: É verdade, e interessante, pois se tratam de duas das classes mais atendidas pelo governo).
O blogueiro do Sistema Jornal do Commercio acredita que novas manifestações podem acontecer durante a Copa, mas não terão a mesma força de antes, por dois motivos: A população quer a Copa, e a violência afastou os manifestantes. "Ninguém quer violência. Ninguém tem o direito ao vandalismo para destruir casas, lojas comerciais, prédios comerciais, órgãos públicos, ônibus,..."
Continuando:"As pessoas ainda estão cobrando, mas devem entender que mudanças não acontecem na velocidade da internet.Não se muda um país de uma hora para outra. Mas coisas interessantes estão acontecendo. Acabaram os camarotes oficiais do carnaval. O prefeito de Caruaru já anunciou que não tem também no São João de lá. Isto é uma resposta às ruas. Não deve ter também a Fun Fest, que poderia servir de palco para novas manifestações" - finalizou.
ELEIÇÕES: As perguntas do público foram sobre a eleição estadual e a candidatura de Eduardo Campos à presidência. Alguns pontos foram tocados como a questão do governador herdar os votos de Marina Silva, se ela terá a capacidade de transferência dos seus 20 milhões de votos em 2010. A candidatura de Aécio como sendo do patronato, do capital e da grande mídia, além de ter um partido grande, diferentemente de Eduardo.
Foi mostrado também que embora Dilma tenha votos suficientes neste momento para vencer no primeiro turno, dados e fatos apontam para uma possível queda, pois está em litígio com o PMDB, a economia tem dado mostras de inconsistência, os movimentos que podem voltar a atormentar o governo, escândalos como o da Petrobras e a perda de apoio no Congresso. "Dilma não gosta de política, de tratar com deputados, prefeitos, estas coisas da política de governante. Ela gosta de mandar, gosta de gabinete, de números..."
Estivemos no Congresso, visitamos os stands, com destaque para São Bento do Una, que mostrou a produção local, e ainda ganhei brinde (rsrsrs). Conhecemos o de Garanhuns também, que mostrou obras de nossos mestres artesãos.
Na área dos stands, várias empresas que prestam serviços à prefeituras e órgãos do estado. Encontramos o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco, organizadora do evento, José Patriota, prefeito de Afogados da Ingazeira.
No Congresso Pernambucano de Municípios, o governador Eduardo Campos anunciou o FEM 2014, que deve beneficiar Garanhuns em mais de R$ 2,5 milhões.
Enfim, está aí. Devíamos este artigo do evento que participamos.