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| Paulo Camelo - PSOL / Garanhuns |
As eleições presidenciais de 2014, especialmente a disputa travada entre as candidaturas de Dilma, do PT, e Aécio, do PSDB, têm elevado a superfície uma discussão estéril sobre quem é de Direita ou de Esquerda. De quem se alia com o Coronelismo e de quem é supostamente contra. De quem é mais atrasado e de quem é mais avançado.
Trata-se, portanto, de uma discussão emotiva e sem fundamento convincente.
Considerando que se trata de uma discussão interminável, aqui enumero algumas reflexões:
1 - Com raríssimas exceções, a maioria dos políticos brasileiros, incluindo os presidenciáveis Aécio e Dilma, defendem o Sistema Econômico Capitalista e os interesses do Capital, seja nacional e/ou internacional. E, é claro, a submissão aos interesses do imperialismo norte-americano. O PT está no poder há cerca de 12 anos e nada fez para reestatizar as empresas estatais privatizadas no governo do ex-presidente FHC. Até parece que o PT gostou dessa ação do PSDB, porquê evitou ir para a vitrine e levar pedradas dos anti-privatistas;
2 – A grande maioria dos acadêmicos e cientistas políticos não vão até o fim em suas análises políticas porquê não são marxistas;
3 – A imprensa brasileira não costuma sequer tecer algum comentário sobre os candidatos de Direita e de Esquerda, bem como dos Centristas;
4 – Os Presidenciáveis evitam discutir a Política Externa Brasileira e a Soberania Nacional, incluindo a preservação das nossas riquezas naturais e minerais;
5 – Muito se diz e se admira do ex-governador Miguel Arraes, mas não citam que Arraes sempre se aliou com à Direita (a exemplo do ex-usineiro Antônio Farias), sendo contra as Ligas Camponesas, comandadas por Francisco Julião, e em contra-partida, Arraes, estimulou a criação dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais. Miguel Arraes, era um político Caudilhista, a exemplo de Leonel Brizola, no Brasil, Péron, na Argentina, e Franco, na Espanha. Evidentemente, que o ex-governador Eduardo Campos, carregava consigo os traços do Caudilhismo;
6 – O PT, em sua fundação, era um Partido Operário Independente (POI). Mas, com o tempo e depois da derrota de Lula para o ex-presidente Fernando Collor, surgiram no PT os “Refundadores”, sob o comando de Lula, Humberto Costa e tantos outros. Passando o PT a ser um Partido Pequeno-Burguês no início do governo Lula e atualmente um Partido Social Democrata (com ingerência no movimento popular) a exemplo do PSDB (sem ingerência no movimento popular), daí a aliança com o ex-vice-presidente e ex-empresário José Alencar. Afinal a aliança entre o capital e o trabalho transformou o PT, impulsionando-o para à Direita;
7 – O PT, com a ajuda do PC do B, foram muito cruéis e contribuíram enormemente para o arrefecimento da Luta por uma nova sociedade igualitária e socialista. Afinal os movimentos estudantis e populares foram praticamente neutralizados nos 12 anos do governo do PT. É claro que as Classes Dominantes, aplaudem de pé esse feito de um Partido que se diz dos Trabalhadores;
8 - Sem medo de errar, independente do Programa e Estatuto, podemos dizer: Na prática a maioria dos partidos políticos são de Direita, de Centro-Direita ou Centro-Esquerda. São, portanto, iguais. Assim, o PSB é igual ao PPS, que é igual ao PSDB, que é igual ao PMDB, que é igual ao PT, que é igual ao PDT, que é igual ao PP, e assim por diante;
9 – Deste modo Dilma é igual a Aécio, que é igual a Marina. Lembrando que Dilma é aliada de carteirinha de Maluf, Renan e Sarney. Afinal, o PT não é mais aquele de outrora, aguerrido e de esquerda. As benesses do poder foram cruciais para a mudança de postura do PT;
10 - Supondo que um governo de 4 anos seja “bom e honesto”, nos limites da Democracia Burguesa, podemos dizer que a população ganhou apenas 4 anos. Mas, um governo “ruim e desonesto”, de 4 anos, significa um prejuízo de uma década. Imagine um governo “ruim e desonesto”, de 12 anos, o prejuízo certamente será de no mínimo meio século. Donde se conclui que após o PT dificilmente nós teremos, a curto prazo, um novo governo que alimente as esperanças pela construção de uma SOCIEDADE IGUALITÁRIA, MAIS JUSTA E SOCIALISTA.
Paulo Camelo de Holanda Cavalcanti.
Engenheiro e militante do PSOL de Garanhuns/PE
