sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Duas histórias emocionantes


Fá e Sil Albino em visita ao Hospital Esperança, meu lar por três meses.


Publicado originalmente em 15 de novembro de 2010, vale relembrar!


Parece cena de filme, daqueles que nos fazem acreditar que amor é para sempre!

A jornalista Kitty Lopes trouxe no JC Agreste, em sua coluna dominical, a história de amor de Ivan de Oliveira Gomes, falecido recentemente, e sua esposa D. Ivonete. (texto da época)

Vou pedir permissão a Kitty para transcrever.

"O empresário Ivan de Oliveira Gomes, que foi um dos homens mais elegantes de nossa cidade, faleceu há pouco mais de dois meses, e ainda surpreendeu a esposa Ivonete. Na última segunda-feira quando a mesma completou idade nova, às 9h em ponto, um portador chegou à sua residência e lhe entregou um presente, dentro da caixa um anel encomendado por ele antes de morrer. Foi a cena mais bonita e emocionante que vi nos últimos anos".

Kitty foi muito feliz em divulgar este momento singelo e apaixonante. Vivemos em um mundo onde o casamento e o amor estão sendo discutidos e banalizados pela música e pela mídia. Os jovens estão deixando para valorizar o casamento muito tarde em suas vidas e muitas vezes sem nenhum projeto, aí chega uma mensagem de carinho como esta.

Vou pedir-lhes permissão pra contar uma historinha também. Acho que é nessa linha.

Como sabem, há alguns anos fui portador de uma doença que me deixou internado quase três meses no Hospital Esperança em Recife. Algumas pessoas não acreditavam em minha recuperação.. Foi um mês de UTI, mais dois meses de tratamento no hospital e depois mais seis meses em home-care, tratamento em casa, graças a Deus, tinha o plano de saúde do estado. Mas não foi um tempo fácil. Não foi mesmo!

Diante dessa dificuldade muita gente sofreu junto comigo, meus amigos, minha família e principalmente, meus pais, a família de Sonita e nossos filhos. Fui entubado, traqueostomizado, e sedado para que os médicos pudessem operar minha cura. Foi muito difícil! Já contei a história aqui.

A recuperação veio porque sempre acreditei, sempre tive força de vontade, sempre "brinquei" com bom humor mesmo nos momentos mais difíceis, acreditei nos médicos e tive sempre Deus do meu lado.

Pra superar tive ao meu lado uma grande mulher, que não me deixou nunca.

Lembro de pouca coisa. Mas aos poucos fui recordando algumas boas passagens. Lembro que ao ser internado, e ao saber que seria sedado, pedi pra que ela estivesse sempre comigo, mesmo que eu não demonstrasse, saberia que ela estaria ali.

Eu fiquei famoso no hospital, era o rapaz da Guillan-Barré, ou o rapaz de Garanhuns, ou o "cantor", ou o "brincalhão", ou o esposo da Sonita, pois ela faria amizade com todo mundo, da recepção à UTI, todo mundo tratava bem aquela mulher apaixonada.

Acordei mais de um mês depois, mas ainda não falava. No quarto fiz todo tipo de tratamento, fisioterapia respiratória e motora. Era acompanhado por vários especialistas. E aos poucos fui sendo preparado para tirar o traqueóstomo.

Acho que passei quase dois meses sem falar (isso pra mim é quase impossível, né não?!), estava debilitado, mas feliz, aliás, como sempre! A médica me preparou e tirou, depois tapou com a mão o buraco por onde tirou o canal e disse -"Pode falar agora, Ronaldo". E eu, de momento, resolvi não falar, eu cantei, virei-me pra Sonita e saiu com a voz embargada uma das mais lindas canções da música brasileira. Cantei -"Eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar..." Sei que muito cantor por aí cantaria melhor que eu, mas não com o sentimento verdadeiro daquele instante. Ela começou a chorar, a enfermeira começou a chorar, eu comecei a chorar e até a médica também não segurou suas lágrimas.

Passei o resto do dia recebendo "visitas", todo mundo queria conhecer o paciente que fez aquela declaração de amor.

Às vezes digo que sinto saudades de algumas coisas que aconteceram naqueles dias, e alguns amigos não entendem. Mas nem sempre tudo é ruim que não se possa lembrar de coisas que merecem ser guardadas na memória com carinho. Fizemos muitos amigos, entre médicos, enfermeiros e colegas pacientes.

Passamos algum tempo voltando ao hospital para ver os profissionais amigos. Chegamos a conversar com pacientes para encorajá-los em suas lutas contra as mais diversas doenças. Uma menina linda, de seus 18 anos, enfrentava um câncer. Pudemos confortá-la, mas infelizmente a perdemos.

Tive muita demonstração de carinho de amigos e parentes. E vou guardar pra sempre o que de bom aconteceu. Tem mais histórias pra contar daqueles dias difíceis, coisas inacreditáveis, que até provam a existência de Deus!

Pode ser que algum dia eu coloque aqui! Hoje foi essa, porque a história de Ivan e Ivonete contada pela Kitty me motivou.

ATUALIZADO: Minha entrada no hospital foi no dia 27 de dezembro, há 11 anos! O médico disse que a partir daquela data eu poderia comemorar dois aniversários... Tenho tanto a agradecer a tantas pessoas, que já pedi ao Senhor que fizesse isto por mim e minha família. Que Deus cubra de bençãos todos de bom coração que me proporcionaram esta nova oportunidade!!

Voltamos a nossa programação normal!

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