Conheci Hudson Moura em meados do ano 2000, um policial militar recém-chegado em Garanhuns ávido por trabalho. Naquela época ele ainda era Tenente e já se destacava pela sua bravura no combate ao crime. Rapidamente se tornou chefe do setor de inteligência do 9º Batalhão, cargo que ocupou durante três anos e à frente daquele departamento estabeleceu uma importante parceria com o Ministério Público, cujo resultado foi a desarticulação de um violento grupo de extermínio que atuava em Garanhuns.
O “Tenente Hudson”, como ficou conhecido, foi além de suas atribuições. Com ajuda das comunidades, promoveu diversas campanhas pela paz e organizou manifestações públicas com o apoio da sociedade em geral. Já familiarizado com a cidade e seu povo, Hudson virou aposta do governador Jarbas Vasconcelos que o convocou para assumir a gestão do Hospital Dom Moura, com a missão de colocar a “máquina pra moer”. E moeu. Durante sua gestão de dois anos, o Hospital saiu das páginas policiais e foi para o caderno social. Recebeu até prêmio de destaque graças às iniciativas adotadas, sobretudo, no atendimento.
E assim, ele foi conquistando seu espaço e o respeito da sociedade garanhuense. Recebeu título de cidadão e diversas outras homenagens do Poder Legislativo Municipal. Me recordo que quando eu era repórter da TV Jornal, fiz uma matéria especial sobre o aniversário de Garanhuns mostrando pessoas que saíram de outros lugares para trabalhar na cidade e acabaram se apaixonando pela terra da garoa. Hudson foi uma das pessoas que escolhi para entrevistar, justamente por demonstrar tanto amor pelo nosso chão. “Escolhi Garanhuns para ser a minha cidade de coração e a cidade mãe dos meus dois filhos que aqui nasceram”, dizia ele. Robécia, sua esposa, também encantada pela magia que só a nossa Garanhuns tem, se estabeleceu profissionalmente na cidade e foi por muitos anos uma enfermeira muito querida no distrito de Miracica.
Por merecimento, ele foi promovido a Capitão e posteriormente ao posto de Major. Atualmente Hudson Moura, era o comandante da Companhia responsável pelo policiamento em Garanhuns, São João, Caetés e Capoeiras e alcançou todas as metas estabelecidas pelo Pacto pela Vida. Ao longo desses 16 anos de serviços prestados à Garanhuns, Hudson viu passar pelo comando do quartel, oito comandantes e neste período nunca se envolveu em nenhum episódio que desabonasse sua conduta, no entanto, foi informado dias atrás que teria que ir embora de Garanhuns para Caruaru, porque os índices de criminalidade na capital do agreste estão altíssimos. Quem deu a notícia não estava brincando. Hudson já se apresentou no Batalhão de Caruaru e lá se encontra lotado.
Indiscutivelmente Garanhuns perde com essa transferência do Major Hudson. Por tudo o que descrevi aqui, é óbvio que ele fará falta à sociedade. Diz o ditado que ninguém é insubstituível, mas encontrar um outro oficial com tamanha obstinação pela cidade, talvez não seja tão fácil. Faço essa homenagem em nome de tantas famílias que ele ajudou a salvar, em nome de todas as vítimas dos bandidos que ele colocou na cadeia e em nome, sobretudo, daqueles que sabem reconhecer o valor dos homens de bem dessa cidade.
Quero acreditar que o governador Paulo Câmara não tenha tomado conhecimento desta pauta e, sendo assim, me parece razoável pedir que avalie essa mudança uma vez que Garanhuns não pode ser renegada aos interesses de Caruaru.
Ora, já perdemos tantos investimentos pra Caruaru por ausência de força política e agora como se não bastasse, começamos a perder também o nosso material humano? Por tudo o que o Major Hudson representa para a segurança pública local e para a nossa sociedade, Garanhuns deve reagir. Uma resposta plausível já seria um bom começo.
Fernando Rodolfo
Jornalista garanhuense