segunda-feira, 9 de junho de 2014

SÃO JOÃO DE ANTIGAMENTE: Os palhoções, as festas tradicionais e uma sugestão!

Verdadeiros clubes populares, principalmente nos bairros, onde as pessoas podiam se divertir ao som de bandas de pé-de-serra, as palhoças desapareceram do cenário junino.

Construídas nas praças e nas ruas, as palhoças eram (o verbo no passado mesmo) populares, feitas de madeira, depois cobertas com palhas, dando um visual regional. Hoje as palhas apenas enfeitam as festas escolares.

As palhoças ou palhoções eram populares de duas formas, primeiro pra fazer, depois pra se divertir. Pra levantar as palhoças, geralmente, juntavam-se os amigos e cada um cuidava em alguma coisa. Só isso já era uma festa.

Hoje as festas são para milhares de pessoas, com super estruturas, bandas famosas, etc. As festas pagas com dinheiro público têm que juntar milhares e milhares de pessoas, têm que ter empresas com infraestruturas que possam montar mega palcos, camarotes, etc, etc, etc.

Entretanto, vê-se que existe um público adormecido e que pode voltar a ser consumidor deste tipo de festa, música, tradição, fogueira, quentão, roupas de xita, trio de forró, etc. 

Lembro que na Vila do Quartel se montavam as palhoças e todos participavam. Aliás, a Vila sempre foi um local de forró de verdade, a tradição era montar na Praça Olinda (da Igrejinha) um verdadeiro arraiá com cara de sítio, até os animais tinha nos currais improvisados, e a Quadrilha Arrasta-Pé dava seu espetáculo.

Mais um pouco no passado, tinha o Comercial, o clube dos jovens, que era uma verdadeira palhoça, na mesma praça, que fazia festas com bandas, como Impulso Musical e até Assisão já cantou por lá.

Se o Comercial era dos jovens, tinha o Clube dos Compadres, que Seu Aníbal organizava, numa casa na primeira rua, também fazia festas e reunia os amigos para torneios de dominó, porrinha, damas e outros jogos de mesa. A tradição na Vila do Quartel sempre foi de boa música e as pessoas próximas, fazendo as coisas acontecer pela união. Era uma grande festa popular com a participação da comunidade.

Sou saudosista, sou sim, mas vejo que as pessoas também sentem falta dessas coisas, e por isso há um potencial adormecido de se tornar real novamente.

Já que Garanhuns não fez esta escolha, muitos municípios da região têm condições de emplacar a ousadia de fazer o maior Arraiá Junino do Nordeste, com forró de verdade. Uma vila de taipa, onde os quiosques funcionassem como barracas típicas. O forró tomando conta!

Continuo achando que o município que investir originalmente em uma festa de verdadeiro pé-de-serra pode lucrar com os dividendos turísticos, e mais que isso, contribuir para o resgate da nossa tradição. Imaginem um ARRAIÁ todo construído na palha, onde as barracas fossem casinhas de taipa, apresentação de quadrilhas, outras danças da época, queima de fogos, forró pé-de-serra o dia todo em palhoças, violeiros, comidas regionais, e ao final da noite a apresentação dos grandes nomes da música forrozeira, como Flávio Jose, Maciel Melo, Petrúcio Amorim, Jorge de Altinho, Santanna, Dominguinhos, Trio Nordestino, etc.

Além disso, vai sair mais barata que qualquer contratação dessas bandas que levam o dinheiro todo do município. E mais, ao investir no evento cultural, seria mais fácil de conseguir recursos para viabilizar a ideia.

Mas tem que ser com ousadia, pois a pressão popular e dos agentes de bandas de forró de plástico estão poluindo as programações do São João do Nordeste. É mais fácil hoje contratar uma banda de R$ 200 mil que investir em artistas regionais, pela facilidade do recurso e pela pressão da mídia!
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publicado originalmente em junho de 2010.

RÁDIO MÚSICA BRASIL MPB

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