Nos últimos meses temos presenciado as peças do jogo político se movimentando. O lançamento implícito das candidaturas dos principais atores, ainda que de forma velada, para não serem acusados de se anteciparem a eleição de 2014, ao ponto de Eduardo Campos dizer: “temos que ganhar primeiro 2013”. Ora, tudo balela. Visto que todos os conchavos já estão em andamento. Mas por outro lado, não vamos jogar toda culpa neles, haja vista, a própria legislação eleitoral ajuda nesta antecipação política, quando, por exemplo, exige filiação partidária com um ano de antecedência.
Empiricamente, podemos afirmar que no mínimo 80% dos eleitores ainda não estão preocupados com as eleições vindouras, apenas aquelas pessoas que têm uma maior afeição pela política partidária estão assistindo as movimentações políticas mais de perto. Mas do alto da minha ignorância, gostaria de realizar uma análise do processo eleitoral atual.
O governo da Presidenta Dilma começa a dar sinal de cansaço, com uma política econômica regida por ações contingenciais, tal como redução de impostos de forma temporária, do tipo a redução IPI dos carros, redução dos impostos da cesta básica e da conta de energia, estas duas últimas ações com viés eleitoral. O intuito não é outra senão estimular a economia com vistas no aumento do consumo. Pura continuação da política de estímulo ao consumo que começou no governo do presidente Lula com a abertura do crédito, principalmente com as facilidades e garantias do empréstimo consignado em folha. Ocorre que a população está endividada, sem conseguir pagar o que deve e sem possibilidade de continuar comprando no ritmo que vinha. Temos também um governo que está sendo um pouco leniente com a volta da inflação. Resumindo, não está conseguindo fazer o Brasil crescer. Desta forma, tem dado espaço para políticos da base aliada começarem quererem pleitear o cargo de presidente do Brasil. Mas por outro lado, o governo Dilma, apesar do não crescimento do Brasil, apesar de não está conseguindo pensar o Brasil, têm o apoio do povo. A que custas? As custa de programas sociais. E não vamos entrar no mérito se são bons ou não, termos argumentos plausíveis e horripilantes do dois lados.
Já o provável o candidato do PSDB, Aécio Neves, ainda não disse a que veio. Chego a pensar que não sabe se quer ser candidato a presidente ou não, visto que não se pronuncia, não se posiciona, não marca posição e vai perdendo espaço para Eduardo Campo. Vejamos só: eleição da mesa diretora da câmara dos deputados e do senado, nenhuma palavra; fez um pronunciamento no senado, sobre o governo petista, muitos não compreenderam o que o quis falar e dizer; Os partidos aliados de primeira hora, PPS e DEM, já falam que não se aliarão de forma automática; a figura de Eduardo Campos, o novo pop star da imprensa, está o apagando, leiam os jornais, de cada dez notícias sobre política, oito matérias são sobre Eduardo, ou seja, Eduardo Campo está fazendo sombra em Aécio Neves. Sem falar que, penso eu, Eduardo Campos tira mais votos do PSDB do que do próprio PT, salvo no nosso Pernambuco. Resumindo mais uma vez, Aécio Neves tá mais para uma barata morta ou tonta do que candidato a presidente do Brasil. Está apagado, sem brilho próprio.
Marina Silva. É a candidata de uma juventude e classe média mais esclarecida e sonhadora de dias melhores. Dos universitários. Mais de um eleitor classe média. O próprio discurso de Marina Silva é distante da realidade do povo, até o tão sonhado “desenvolvimento sustentável” o povo não compreende. Mas cá pra nós, venhamos e convenhamos, o povo, diante de todas as suas limitações, dificuldades e etc., somente entende uma coisa. Estou comendo ou tenho dinheiro no bolso para fazer a feira. Ou seja, para esta parcela da população o que vale mesmo é barriga, até por que pode ser a pessoa mais consciente do mundo, a barriga e o bolso pesa na hora do voto, na hora de escolher em qual candidato vou votar. Se a economia vai bem, beleza, vamos continuar.
Eduardo Campos, a novidade das eleições de 2014. Acredito que deveria ser candidato a qualquer custo, pois quem não joga não ganha – Lula que o diga. Na pior das hipóteses, tornar-se-á um político de nível nacional, talvez, consiga se fazer conhecido do eleitor e quem sabe faz um bom trabalho para ser um candidato mais competitivo em 2018. Se não for agora, o cavalo vai passar selado e não vai montar, a chance de alçar vôos maiores é esta.
Tem conduzido sua candidatura com maestria. Com discurso de gestão pública gerencial. Com discurso para prefeitos e governadores, quando fala em rediscutir o pacto federativo. Dando uns pitacos na economia brasileira. Procurando ampliar seu leque de possíveis alianças – PDT, PPS, DEM e etc. Mas o palácio do planalto começou a minar seu caminho, ou seja, usando a máquina pública contra a candidatura de Eduardo Campos. Por outro lado, o discurso de Eduardo Campos tem sido para classe empresarial e política, o povo ainda está distante. Distante no sentido de que não há nada que faça o povo se identificar com Eduardo.
O que se quer dizer com tudo isso é que Eduardo Campos pode até ser um bom candidato para presidente do Brasil. Representa o novo, pois rompe a dicotomia PT-PSDB, tem uma visão gerencial da máquina pública, tem mostrado desenvoltura no meio empresarial e político, mas com grandes chances de ter sua candidatura minada pelo Palácio do Planalto e com um discurso distante da leitura do eleitor povão, que continua com o PT. Assim, a candidatura de Eduardo Campos ao que tudo indica será ótima para o PT. Mas como dito acima, time que não joga não ganha, político que não é candidato não se elege e na pior das hipóteses fica o recall para 2018.
CLEBER FERREIRA SILVA, graduado em história (UPE) e direito (FDG), pós-graduado em história (UPE) e pós-graduando em gestão pública (AESGA).