Registro da posse. |
Izaías Régis criou seu próprio estilo no comando da prefeitura de Garanhuns, poderíamos dizer que está até mais despojado que na época de deputado. É certo que não é uma figura simples. Com algumas extravagâncias, Izaías tem exagerado na casualidade em eventos formais, tem gosto pelo entusiasmo em seus discursos, quase sempre de improviso, e gosta de andar pelas ruas conversando com as pessoas, às vezes até fazendo exigências que extrapolam seu direito de prefeito, mas na maioria das vezes é em busca de uma cidade melhor. Tem se sentido responsável pela cidade, assumindo um papel que gera questionamentos.
Com sua ampla presença e destaque, acaba monopolizando a mídia, enfraquecendo seus auxiliares, que nem sempre conseguem espaço, pois a exposição do prefeito tem sido quase única. Isto acaba gerando dividendos positivos e negativos, pois se expõe demais.
Izaías também tem buscado uma vitrine em eventos nunca antes visto em Garanhuns. No carnaval, em cima do trio elétrico, empunhou o microfone para discutir com um dono de um automóvel que tocava música alta. Quem viu diz que ficou feio. Não era pra ter sido ele, mas como ele mesmo disse: A cidade tem homem!! E ele assumiu este papel de dono, de responsável geral! Imagina-se então sua presença no Festival da Jovem Guarda, um evento praticamente seu. Resta saber se conseguirão controlar o prefeito para não subir todos os dias no palco.
Agora no enterro de Dominguinhos, usou um chapéu de couro, nunca antes visto em sua cabeça. Não se tem notícia de um Izaías forrozeiro, embora tenha criado eventos que moldaram a cidade como Terra dos Festivais. Não se sabia desta paixão pelo Mestre Dominguinhos, pelo menos não desta forma, a ponto de chorar em público. Não lembro de Dominguinhos ter vindo tocar em nenhum dos eventos produzidos pelo deputado e agora prefeito, nem mesmo daqueles que ajudou a realizar em cidades da região, muitos deles em pleno São João. Já que gostava tanto, poderia ter indicado, já que custava mais barato que muitas dessas bandas de forró estilizado, que o próprio músico criticava.
Mas Izaías com esta exposição e seu jeito aberto vai agradando a quem queria um prefeito brigador, diferente da imagem deixada por Luís Carlos, de uma pessoa cansada com a vida pública e sem sangue na veia pra lutar contra o sistema. Izaías é justamente o contrário, é um entusiasta, e isto reflete no cotidiano da cidade. A forma como empunhou a luta para trazer o corpo de Dominguinhos. Mesmo tendo sido uma decisão judicial, deve ter pesado para a juíza a forma como a prefeitura se empenhou para dar a recepção digna do mestre.
Izaías aproveita cada evento, seja público ou privado, com a presença de quem quer que seja, para pedir investimentos para Garanhuns, ao contrário de Luís Carlos que ficou com a fama de ter "perdido" os oito anos de Lula. Silvino, embora tenha feito uma gestão aprovada pela população, não passa este entusiamo em público. Bartolomeu era mais festivo, profissionalizou o Festival de Inverno, que antes dele, Ivo Amaral criou, e por isto será o homenageado em 2014. Somando todos, não dá a exposição conseguida por Izaías em pouco menos de um ano, em eventos e polêmicas.
Este estilo de Izaías, que já era assim, recebeu um upgrade na cadeira de prefeito, e acaba agradando ao chamado povão, mas o afasta do formador de opinião e classe média, mais conservadora, que muitas vezes não aprova o exagero. Izaías prometeu fazer um governo com a participação de todos e se isolou em um estilo centralizador das decisões e da exposição na mídia. Em suas caminhadas tem recebido a aprovação das pessoas nos bairros, mas nas redes sociais e nas rodas de conversas, críticas são feitas, mostrando que está perdendo parte do seu espólio eleitoral.
É praticamente uma mudança no eleitorado, mas sobre isto a gente escreve depois.
Cada um faz sua análise, e sob suas próprias convicções, aprova ou desaprova, pois de fato, é difícil, muito difícil, ficar indiferente a Izaías.