Maurício Costa Romão
PESQUISAS DE INTENÇÃO DE
VOTOS (%) PARA PRESIDENTE DO BRASIL (outubro de 2013)
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Candidato
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Datafolha
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Vox Populi
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Ibope
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Média
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Dilma Rousseff
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42,0
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43,0
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41,0
|
42,0
|
Aécio Neves
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21,0
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20,0
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14,0
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18,3
|
Eduardo Campos
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15,0
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10,0
|
10,0
|
11,7
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B/N/N*/NS/NR
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23,0
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27,0
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35,0
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28,3
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Data
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11/out
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11-13/out
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12-21/out
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B = Branco; N = Nulo; N*=
Nenhum; NS = Não sabe; NR = Não respondeu
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Fonte:
elaboração própria, com base nas pesquisas listadas
A última pesquisa do Ibope, publicada em 24 do mês corrente, revelou que a presidente Dilma Rousseff continua liderando as intenções de voto para a próxima eleição em todos os cenários. Nos quatro cenários testados, Dilma pontua entre 39% a 41%, abrindo apreciável frente para o segundo colocado que varia de 18 a 27 pontos.
A tabela que acompanha o texto desfila informações sobre o cenário mais provável de acontecer: aquele em que concorrem a presidente, Eduardo Campos e Aécio Neves.
Nas três pesquisas nacionais que captaram informações sobre as preferências dos eleitores para a eleição de 2014, após a coalizão PSB-Rede, Dilma ganharia no primeiro turno se a eleição fosse realizada nas datas dos levantamentos, colocados em seqüência dos trabalhos de campo (vide tabela).
Descontando as eventuais discrepâncias metodológicas entre as pesquisas apresentadas, os números da tabela sugerem que a presidente está com dificuldades de recuperar os índices de intenção de votos (em cenários divergentes) de antes das ocorrências contestatórias do meio do ano, situando-se neste mês num plateau médio de 42%.
Em compensação, a tabela também mostra queda paulatina na soma das intenções de voto dos adversários da presidente, de 36% para 30% e para 24%, respectivamente, o que aumenta a distância entre as duas postulações - a dos adversários e a da situação – e também a possibilidade de o pleito se encerrar no primeiro escrutínio.
É de chamar à atenção, ainda, o crescimento, de pesquisa a pesquisa, da categoria de eleitores que disseram que iam votar em branco, anular o voto, não votar em ninguém ou que, simplesmente, não souberam ou não quiseram se pronunciar. Tal categoria, que engloba os indecisos, chegou a 35% nesse último levantamento do Ibope.
É como se os eleitores estivessem descontentes com o quadro eleitoral que se lhe está sendo apresentado, neste momento, um ano antes do pleito. Eles então se manifestam pelo protesto (VB/VN/N*), de um lado, e pela indecisão (NS/NR), de outro. Os dois fenômenos em conjunto suscitam possibilidades de alteração acentuada de quadro mais à frente.
A constância dos números da presidente nas intenções de voto pode também ser observada a partir da subcategoria de “ótimo e bom”, que compõe a dimensão “avaliação da administração”. Os números dessa subcategoria têm a vantagem de independer dos diversos cenários das pesquisas e geralmente são muito próximos das intenções médias de voto do incumbente.
AVALIAÇÃO DA
ADMINISTRAÇÃO (%) DA PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF VÁRIAS
PESQUISAS
agosto a outubro de
2013 - BRASIL
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Conceito
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Datafolha
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Ibope
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Vox Populi
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CNT/MDA
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CNI/Ibope
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Datafolha
|
Ibope
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Média
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Ótimo
+ Bom
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36
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38
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35
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38
|
37
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38
|
38
|
37
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Data
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7-9/ago
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15-19/ago
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31-3/set
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31-4/set
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14-17/set
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11/out
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12-21/out
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Fonte:
elaboração própria, com base nas pesquisas listadas
A tabela acima desfila informações sobre a avaliação da gestão de Dilma Rousseff captadas nas últimas sete pesquisas nacionais publicadas na mídia (Datafolha, Ibope, Vox Populi, MDA, Ibope, Datafolha e Ibope, nesta seqüência). O desempenho da gestão da presidente é mensurado pela soma dos percentuais de “ótimo e bom” aferida nas respectivas pesquisas.
Os levantamentos foram todos realizados em agosto, setembro e outubro, depois, portanto, dos tumultos da metade do ano, e estão colocados em ordem cronológica dos respectivos trabalhos de campo.
Desde os mencionados movimentos de junho, a governante do Brasil não consegue avançar além do patamar médio de 37% de popularidade (outra forma de se ler os índices de ótimo e bom referentes à avaliação da administração de um incumbente), conforme atestam os números mostrados na tabela, onde a maior distância entre um resultado e outro difere de apenas três pontos percentuais.
Os dados sugerem resistência do eleitorado em dar mais crédito ao desempenho da presidente à frente do governo, inobstante as ações empreendidas de largo alcance social, como o Mais Médicos, a massiva exposição midiática da governante, os agrados à base de apoiamento político no Congresso, as visitas mais frequentes aos estados, etc.
Claro que há espaço ainda para o governo melhorar sua avaliação e alcançar índices mais confortáveis. Tem tempo e instrumentos para isso. O grande perigo, todavia, é esse quadro não se alterar muito daqui prá frente, e essa resistência ser característica de certo cansaço com o modo petista de governar.
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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é colunista do Blog do Ronaldo Cesar, consultor
da Contexto Estratégias Política e Institucional, e do Instituto de Pesquisa
Maurício de Nassau.